Não se canse com isso aqui! Não leia ! Não perca seu precioso tempo! Eu não sei de nada, aliás, nunca soube. E está aqui o grande problema. Enquanto tudo gira rápido, eu fico perdida entre os transeuntes, que me roubam olhares-sorrisos-palavras-pensamentos-sonhos. Eles nem imaginam que eu os tenho. Que aqui dentro dessa cachola pensante existe um mundo além do meu mundo real. E só de olhá-los eu posso ver as minhas representações quase que instantaneamente. Eu atuo, sim, fazendo o que as pessoas fazem na rua, na televisão, nas músicas...a diferença é que ninguém vê. Até aí não tem problema, porque eu me divirto um tantão.
Difícil é você perceber que esse mundo se torna superior ao seu mundo real. E que você acha bem mais bonitinho atuar. Tem algum problema aqui. É claro! Mas se você atua pra você mesmo, não há como se sentir tão culpada, porque você não precisa pensar nos outros personagens. Eles apenas fazem parte do enredo, você os dá vida e os mata quando achar necessário. Eles podem ser reflexos daqueles da vida real, ou muito bem inventados, exatamente como todo mundo devia ser.
As coisas se complicam quando você passa a misturar o mundo real com o seu mundo de representações e não consegue mais dissociar as imagens dos dois mundos. Elas parecem apenas reais, ambas. Aí você fica confusa, porque uma hora parece que é uma coisa e noutra hora parece que ela já não é mais.Está desconfigurada, maqueada, transformada. Não só as pessoas. Os sentimentos, as verdades, as formas, as cores.
É...viver é arriscado demais. Alguém tem chocolate e um poquinho de Lexotan pra me dar?