Dorme um sono descomunal. Volta a ter sonhos de criança.
Encontra amigos e fala da vida como se fosse um sonho.
E tem um sonho estranho. Acorda como se fosse tudo real.
Um vazio no peito. Sente o frio.
Fala muito pra não se mostrar demais. Só parece contraditório.
Estuda pra prova de Deutsch.
Volta a ter certezas incertas. Volta a ter as incertezas certas.
Vê o mundo quadrado, porque de redonda já basta ela.
( )
Nos cantos do mundo.
Ouve um jazz alemão.
Escuta uma ária triste pra silenciar o dia.
Toma banho deixando a água escorrer por tempo indeterminado.
Falta água no mundo.
Mas ela espera que a água leve embora algumas coisas que ela não consegue deixar por vontade própria.
Pensa novamente em fazer boxe.
Avalia potenciais.
Escuta um passarinho e lembra da música. Quer cantar. Uma tosse a toma sem cessar.
Procura reparar o nada.
Em busca de tudo. Olha desenhos antigos.
Passa numa papelaria pra comprar giz pastel.
Não há.
Queria tanto desenhar.
Um mundo novo. Uma cara nova. Um rosto torto.
Tudo negro.
Da cor do giz.
Só gosta de pintar com essa cor. Ninguém explica.
Nem tente você. Tira dez na prova de Deutsch. Marca encontro com amigas.
Come chocolate. Bebe chá.
Procura um pouco de sanidade. Num livro.
..................
Enstchuldigung.
Olha o nada.
Flutua sentada. Descobre um mantra.
Que mantra?
Aquele do som da flauta.
Não é mantra.
Dá na mesma.
Mas o efeito é contrário.
Acusa somente a ele.
Sente saudade dela. Conhece gente.
Queria ser a Cinderela. Ele a acorda.
Bem agora que ela estava sonhando.
Apaga da memória.
Um rojão. Celebram um fato.
E no fim tudo isso sou eu.