Rodolfo Henrique* voltava do teatro lírico. Depois de nove meses de exílio, não poderia faltar ao espetáculo. Uma chuva forte caía e os raios pungiam a escuridão, assombrando a calma entre brados de trovões e gemidos de gatos. Do outro lado da cidade, onde as sombras persistem além da madrugada, nascera a hérnia de todos os pecados, embora Rodolfo não se desse conta do acontecido.
Ao chegar do passeio, o jovem se deparou com um negro parado à frente do portão. Sem entender a presença daquele estranho, pediu ao motorista que baixasse o vidro e perguntasse o que desejava falar-lhe aquele sujeito. Depois de um silêncio curto, mas profundo, o homem respondeu estar ali para dar-lhe notícias de Juliana.
Rodolfo ficara atônito como se um punhal houvesse sido cravado em seu pescoço, oscilando sua existência entre um devaneio intenso e uma ponta de consciência cruciante.
Toda aquela euforia na qual se encontrava antes da misteriosa conversa havia lhe escapado, dando espaço a uma dor mórbida e lastimável. Rodolfo Henrique tivera um surto interno diante de tal revelação. Dirigiu-se até o quarto e, como se convulsionasse, começou a soluçar freneticamente. Quase sem forças, tirou da gaveta a arma que usava para caçar.
Da rua ouvia-se o barulho de pessoas felizes que saíam do bar comemorando a vitória no jogo. Ainda que tarde, fogos de artifício estouravam para celebrar a inauguração do cinema que era realizada naquela noite. A tragédia na qual o rapaz se infiltrara com toda a sua alma fizera dele um homem perdido.
Sem mais razão, Rodolfo levou a arma à altura do peito e apertou o gatilho. Os homens que ainda passavam pela rua, no delírio da bebida e na cólera da alegria, saldaram sorridentes o barulho do tiro que para eles soou como um fogo de artifício.
Ao chegar do passeio, o jovem se deparou com um negro parado à frente do portão. Sem entender a presença daquele estranho, pediu ao motorista que baixasse o vidro e perguntasse o que desejava falar-lhe aquele sujeito. Depois de um silêncio curto, mas profundo, o homem respondeu estar ali para dar-lhe notícias de Juliana.
Rodolfo ficara atônito como se um punhal houvesse sido cravado em seu pescoço, oscilando sua existência entre um devaneio intenso e uma ponta de consciência cruciante.
Toda aquela euforia na qual se encontrava antes da misteriosa conversa havia lhe escapado, dando espaço a uma dor mórbida e lastimável. Rodolfo Henrique tivera um surto interno diante de tal revelação. Dirigiu-se até o quarto e, como se convulsionasse, começou a soluçar freneticamente. Quase sem forças, tirou da gaveta a arma que usava para caçar.
Da rua ouvia-se o barulho de pessoas felizes que saíam do bar comemorando a vitória no jogo. Ainda que tarde, fogos de artifício estouravam para celebrar a inauguração do cinema que era realizada naquela noite. A tragédia na qual o rapaz se infiltrara com toda a sua alma fizera dele um homem perdido.
Sem mais razão, Rodolfo levou a arma à altura do peito e apertou o gatilho. Os homens que ainda passavam pela rua, no delírio da bebida e na cólera da alegria, saldaram sorridentes o barulho do tiro que para eles soou como um fogo de artifício.
*o nome Rodolfo Henrique não é pra parecer nome de personagem de novela mexicana. Eu estudei, na época do teatro, com um ator que se chamava Rodolfo Henrique e que foi inspiração para o nome do personagem (embora ele tenha semelhança psicológica alguma com o "herói")