domingo, julho 15, 2007

Sem título para ter um título

Eu não sabia examente o que escrever, portanto não tinha um título também pra começar. É aí que penso que tem escritores que precisam de um título pra começar a escrever algo e outros que precisam de algo escrito pra nomear. Eu não me encaixo no primeiro nem no segundo grupo. Formo um terceiro, que dá título de acordo com a inspiração, isto é, porque o título sai primeiro, assim como se o texto já tivesse pronto e o título ficasse perfeito, ou porque o texto sai tão fluente que me esqueço de pôr o título, e aí o penso no final.
Nem sei porque escrevo isso. Não faz sentido pra mim. Muito menos pra você que lê! E isso me lembra "Memórias do Subsolo", do Dostoiévski, que eu li há um tempo e às vezes me parecia absurdo. Imagina que lia um texto que me zombava e me prendia ao mesmo tempo de formas precisamente iguais. E o pior é que me via tomada por tamanho pessimismo e angústia.
Enfim, não tem nada a ver falar sobre minhas leituras aqui, entretanto sinto vontade de dizer que estou lendo "Cem anos de solidão", depois de muito tempo enrolando pra ler. E queria viver naquele mundo de José Arcadio Buendía. Queria ser talvez Remédios ou Melquíades.Também não. Não queria ser ninguém além de mim. Mas queria estar, ao menos um dia, em Macondo.
Sonho coisas confusas que fazem a minha cabeça tentar entender como tanta falta de causos pra contar ou vivenciar podem me trazer sonhos tão delirantes. Sinto falta das minhas aulas. Sinto uma leve morbidez. Talvez pelas coisas estarem assim sem me empolgar. Sair com os amigos: isso parece sempre interessante. Tenho vontade de passar dias presa num cinema vendo filmes e conversando ouvindo "open your eyes", que por mais melancólica e pedante que possa soar tem marcado essa fase. Eu nunca a escuto por livre e espentânea vontade, apenas sou perseguida por ela, então me rendi!
Agora, enquanto escrevo isso, vejo televisão, digo, mudo de canal sem cessar. E paro no SBT. Mara Maravilha canta pro Gugu. Lembro de um amigo que contava ser uma decepção ver a Mara evangélica, já que ela era o sonho dele (Playboy) quando adolescente. Fico pensando no rumo que a nossa vida pode tomar. Coisas tão absurdas podem acontecer com a gente. Mas não me imagino evangélica. Muito menos capa da Playboy!
Bom, fiquem com raiva ou tirem algum proveito desse escrito. eu apenas volto a ler "Cem anos de solidão", que é pra ficar na minha estranha solidão...ou talvez eu resolva ver algum filme daqui a pouco.

6 comentários:

Felipe disse...

"Tell me that you'll open your eyes"

Esse verso vai ter perseguir por um bom tempo e ás vezes sinto que é minha culpa...
Me desculpa??

Bjos!!!

Anônimo disse...

Que post profundoo Gabi!!
uauuu
Parabéns tbm pelo blog!!!

um beijao

D ... disse...

Cem anos de solidão deve ter sido o melhor livro de toda minha vida. Quando cheguei às últimas páginas queria retardar a leitura para não me despedir das personagens...experiência extremamente dolorosa pra mim.
Acabei me viciando, e acho que terei de relê-lo em todas as férias.

Anderson Lucarezi disse...

Os livros são os melhores companheiros para quando estamos sozinhos em casa. Um dia, conversando sobre fossas, Myriam me disse que quando tá down é só abrir um livro que o dia muda. Também pudera, o MUNDO MUDA! A DIMENSÃO MUDA! Macondo é um mundo lindo, seus habitantes conseguiram amenizar minha solidão.
Mais saudades que as que tenho dos Buendía só mesmo as que sinto de Tieta...

beijo no coração, diva mais que linda!

Luca

Myriam Kazue disse...

Eu também sempre pensava nos rumos que minha vida poderia tomar. E ela mudou de rumo tantas vezes, incontáveis vezes, que parei de pensar que rumo ela ainda poderia tomar. Foi aí que comecei a aproveitar a vida.

Pois o melhor da vida não é isso: poder mudar, só dependendo, para isso, querermos realmente mudar? Nem que esse 'querer' seja momentâneo, nem que nos arrependamos depois, nem que nos julguem - oh! - volúveis e irresponsáveis?

A vida é o presente e ele muda, inevitavelmente: amanhã ele já será passado. Acho que o que falei tem a ver com o seu post anterior... até ficou igualmente dramático, não?

Muito interessante a questão que levantou sobre o título. E essencial. Sempre penso nela também. O título é um dilema para quem escreve. Às vezes adio publicar um post no blogue por falta de um título que me agrade. Ele não é só um complemento do texto ou da obra, como uma cereja enfeitando o bolo, diria que ele é o fermento que vai na massa: se insignificante, não a faz crescer e, se excessivo, pode desandá-la. Um título criativo e na medida certa faz com que tenhamos vontade de comer o bolo.

PS: Leio com atraso alguns de seus posts e demoro mais ainda para comentá-los, mas não deixo de lê-los, eles me alimentam muito bem.

Unknown disse...

(o comment-book se torna a new-public -and-general blog...rs)

Ternura.

Espero que não precise posar na playboy se quiser ser evangélica... nem cantar no gugu se quiser posar na playboy... huahuauha, enfim.

(um dos) Meu(s) chefe(s) comentou comigo o seguinte:
"Fernando, sabe que quando eu terminei o ensino médio, conversando com os meus amigos, no pátio do colégio, falávamos sobre o futuro. Sabe que eu me lembro como se fosse hoje, em dado momento da conversa, eu disse: 'só tenho certeza de duas coisa: que eu não vou fazer engenharia na FEI e não vou ser empresário'."

Hoje ele é engenheiro, formado pela FEI, Empresário.

Sei lá, não tenho muitas certezas sobre o futuro... rsrsrsrs

Eu sempre começo pelo texto. Então encontro algo 'resumitivo', 'conclusivo ou não', 'intrigante' ou no mínimo 'de efeito' para o título.

às vezes não funciona.

Até segunda.

Beijos bozáticos inauditos.

Fe